
A Arte de Criar Avaliações: Modelos que Atraem Traders e Garantem Lucros
- 10-12 min
- Barbara Breda
Última atualização: 24 de março, 2025
Conteúdo
Considerações Iniciais
Cada vez mais vemos traders buscando alavancar seu capital no mercado, ao mesmo tempo que buscam maior segurança para operar, o que os leva às mesas proprietárias. Para garantir o acesso ao capital da mesa, todavia, o trader deve passar por um período de teste, comumente chamado de avaliação.
Para que uma mesa seja sustentável e lucrativa, é necessário que ser capaz de avaliar, da maneira mais precisa possível, a consistência e a capacidade do trader para operar com o capital que está disponibilizando. Assim, o desenho de suas avaliações deve ser capaz de equilibrar acessibilidade e atratividade para traders e segurança para a mesa.
Pensando nisso, aqui exploramos os principais elementos por trás da criação de um modelo de avaliação bem-sucedido e como cada um dos fatores reflete na viabilidade do modelo adotado.
Quer saber mais sobre os modelos de avaliação existentes? Acesse o blog sobre Avaliação em Mesas Proprietárias.
O Papel da Alavancagem nas Avaliações

O primeiro dos fatores destacados é a alavancagem. Enquanto ponto crucial de atratividade para os traders, sua estruturação deve ser estratégica. Níveis mais altos de alavancagem chamam mais atenção, porém, são capazes de ampliar os riscos à prop firm (e ao próprio trader, caso esse não tenha uma gestão adequada).
É comum as firmas adotarem uma alavancagem de até 1:100 – diretamente vinculado aos ativos admitidos na mesa (ativos naturalmente mais voláteis, levarão a maior controle da alavancagem, posto que podem gerar perdas significativas a ambas as partes, mais facilmente).
Uma alavancagem acima de 1:100, porém, é utilizada para atrair traders mais agressivos o que levará a um controle de risco mais forte – e normalmente virá associado a custos de avaliação mais altos.
O modelo de alavancagem dinâmica também é admitido: nesse caso, estamos diante de uma avaliação dividida por fases, que visam testar diferentes aspectos das habilidades do trader a ser financiado e que, portanto, podem ter diferenciações nos percentuais de alavancagem admitidos.
Exemplos Práticos
A The 5%ers adota uma abordagem mais conservadora, limitando a alavancagem a 1:10 no Bootcamp e 1:30 no Hyper Growth, a AlphaCapital admite alavancagem de 1:30, enquanto a FundedNext e FundsCap oferecem alavancagem de até 1:100, atraindo traders em busca de grandes oportunidades.
Definição dos Limites de Perda
Também integrante do controle de riscos internos, a definição dos limites de perda deve ser bem calibrada e definida. As avaliações precisam de parâmetros claros, ainda que sejam esses parâmetros variáveis – vale ressaltar, essas disposições não possuem caráter obrigatório, de forma que não são todas as mesas que possuem limite de perda diária, por exemplo.
- Limite de perda diária: Normalmente entre 3% e 5% do capital alocado.
- Limite de perda total: Geralmente varia entre 8% e 12%.
- Ajuste baseado no progresso: Algumas prop firms ajustam os limites conforme o trader avança nas fases da avaliação.
Como mencionado tanto os limites de perda total, quanto os limites de perda diária são variáveis. Vejamos alguns exemplos:

Definição de Metas de Lucro Realistas
A meta de lucro é um parâmetro utilizado com vistas a separar traders consistentes e profissionais de meros espectadores. Normalmente, as avaliações impõem metas entre 8% e 10%, de forma a equilibrar desafio e realismo e evitar a atração de apostadores – afinal, uma vez financiado, o trader irá utilizar o capital da mesa e um comportamento agressivo demais, colocará esse capital em risco. Algumas métricas utilizadas são:
- Metas progressivas: Alguns modelos aumentam ou reduzem a meta conforme a fase da avaliação.
- Relação risco-recompensa: As metas devem estar equilibradas com os limites de perda para evitar exigências excessivas.
- Simulação do mercado real: Criar avaliações que imitam o ambiente de um fundo proprietário profissional melhora a qualidade dos traders aprovados.
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Número de Fases da Avaliação

A avaliação não consiste em um simples teste A/B. Seu principal objetivo é observar a capacidade do trader de lidar com o capital da empresa ao longo do tempo, sua exposição dentro do mercado e suas flutuações. Hoje, notamos a existência de mesas que trazem fase única, duas fases ou até mais.
- Fase única: Simples e direta, atraindo mais traders iniciantes, mas potencialmente com uma maior taxa de sucesso.
- Duas fases: O modelo mais comum no mercado, pois filtra traders mais preparados e reduz riscos para a prop firm.
- Múltiplas fases: Algumas mesas adotam sistemas com três fases, exigindo ainda mais consistência antes da alocação de capital.
A escolha do modelo influencia diretamente na taxa de conversão e na sustentabilidade do negócio. Vale ressaltar, porém, que muitas fases podem ser um bloqueante à maior busca por traders, sendo de grande importância uma análise acurada do mercado e uma consciência do público que se busca atingir.
Não deixamos de ressaltar a existência de mesas proprietárias que admitem a modalidade de financiamento direto (ou seja, instant funding) em que o trader, pagando um valor maior, tem acesso direto ao capital da mesa para operação no mercado. Devido à inexistência de testes, muitas mesas optam por fazer uma limitação maior do capital e da alavancagem.
Tipos de Ativos Admitidos
A seleção de ativos pode tornar a avaliação mais atrativa e definir o perfil dos traders participantes.
É de grande importância que ao se criar uma mesa proprietária se tenha em mente que essa é uma empresa. Dessa forma, é necessário conhecer o público que se pretende atingir e se guiar por algumas perguntas que levarão ao melhor desenvolvimento da estratégia empresarial, como é o caso dos ativos que serão admitidos – considere o seguinte: ao criar uma loja de roupas, você precisa segmentar quais serão as roupas que venderá, se infantil, masculina ou feminina, se social, de academia entre outras.
Portanto, você precisará estabelecer: (1) o modelo de sua mesa – se focada em Forex, Futuros ou B3 e (2) quais ativos você permitirá transacionar dentro de cada um desses modelos. Perguntas essenciais incluem:
- Serão aceitos apenas Forex e Índices, ou também Criptomoedas, Commodities e Ações?
- Os ativos terão alavancagem diferenciada? Mercados mais voláteis podem exigir alavancagem reduzida.
- Haverá restrições para negociação de ativos ilíquidos? Isso protege a empresa contra manipulações de mercado.
Uma seleção bem estruturada evita riscos excessivos e garante que a avaliação reflita cenários reais do mercado.
Tempo Permitido para Negociação
Ao navegar pelas diferentes ofertas de props, vemos que algumas impõem um limite de tempo permitido para negociação e outras não. O tempo disponível impacta a experiência do trader e a viabilidade do modelo, maiores prazos podem estimular maior entrada de traders que se sentirão mais confortáveis e relaxados para realizar seus trades, não precisando arriscar tanto para atingir o objetivo.
- Número mínimo de dias de negociação: Entre 5 e 10 dias para evitar que traders passem na avaliação com apenas uma operação, visando assim afastar traders com comportamento apostador.
- Número máximo de dias para avaliação: Entre 30 e 60 dias, dependendo da complexidade do modelo.
- Extensão de prazo: Algumas prop firms permitem que os traders comprem tempo adicional se estiverem próximos de alcançar a meta.
Exemplos Práticos
- FTMO: de forma geral, 4 dias mínimo.
- FundingPips: 3 dias mínimos.
- Maven: não tem dias mínimos.
- FundedNext: possuem avaliações de 0 dias, 2 dias e 5 dias mínimos.
- Funding Traders: de 1 até mais de 40 dias mínimos requeridos.
Negociação Durante Eventos de Notícias
Momentos de notícias levam a uma grande oscilação do mercado, especialmente se estamos diante de grandes players da economia mundial, como é o caso dos EUA e suas notícias sobre Taxas de Juros do FED (Federal Reserve).
Muitos traders evitam entrar em operações nesse momento, justamente para garantir que não tenham nenhum pull back ou perda significativa. Outros traders, porém, visando esse movimento e o lucro rápido, arriscam. Dessa forma, as mesas podem adotar os seguintes modelos de admissão de negociação durante esses períodos:
- Proibição total: Muitas avaliações não permitem negociações durante notícias de alto impacto.
- Restrição parcial: Algumas prop firms bloqueiam apenas eventos de extrema volatilidade, como decisões de taxas de juros.
- Negociação liberada: Modelos mais flexíveis permitem qualquer operação, mas com proteções adicionais, como spreads aumentados.
Estilo de Negociação: Day Trade ou Swing Trade?
Existem diversas formas de se operar no mercado, como é sabido. Alguns optam por abrir e fechar suas posições no mesmo dia (ou até, em períodos de minutos ou horas), enquanto outros carregam suas posições por um maior prazo. As avaliações precisam especificar se os traders podem manter posições abertas por longos períodos.
- Day trade obrigatório: Exige que todas as operações sejam encerradas até o final do dia.
- Swing trade permitido: Permite que os traders mantenham posições abertas por vários dias.
- Restrições baseadas em ativos: Algumas empresas permitem swing trade apenas em certos mercados, como Forex e Índices.
A flexibilidade nessa regra pode atrair diferentes perfis de traders e melhorar a retenção dos aprovados.
Estrutura de Profit Split
O Profit Split define a porcentagem do lucro que o trader reterá, após passar na avaliação, em relação aos lucros obtidos com suas operações reais.
- Modelos padrão: Entre 75% e 90% para o trader, com a prop firm retendo 10% a 25%.
- Profit split progressivo: Algumas prop firms aumentam a porcentagem conforme o trader mantém bons resultados.

Conclusão: Construindo um Modelo Sustentável e Atrativo para Prop Firms
Criar uma avaliação de prop firm bem-sucedida exige equilibrar múltiplos fatores, desde a gestão de risco até o engajamento dos traders. Compreender a ciência por trás de cada regra permite que as empresas desenhem modelos que atraiam traders, mantendo a lucratividade do negócio.